Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil

O Brasil é reconhecido como um dos países mais ricos em biodiversidade. Estamos listados entre as nações mais megadiversas segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Estima-se que entre 15% e 20% da diversidade biológica global esteja presente em território brasileiro, com mais de 50 mil espécies de plantas e 125 mil espécies de animais catalogadas. A cada ano, em média, 700 novas espécies são descobertas no país. No entanto, essa vasta riqueza está sob constante ameaça. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 3% das espécies brasileiras estão em risco de extinção.

Um relatório divulgado em 2023 pelo IBGE, intitulado “Contas de ecossistemas: espécies ameaçadas de extinção no Brasil”, revelou que 5.501 espécies de plantas e animais encontram-se nas categorias de “vulnerável”, “em perigo” ou “criticamente em perigo” , conforme os critérios da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Dentre essas, 1.125 estão em situação crítica, representando mais de 20% das espécies ameaçadas no país.

Distribuição das Espécies Ameaçadas pelos Biomas Brasileiros

A Mata Atlântica destaca-se como o bioma com o maior número de espécies ameaçadas, totalizando 2.845 plantas e animais em risco. Esse número reflete a intensa urbanização e exploração que o bioma sofreu desde o início da colonização. O que resultou em uma perda de grandes áreas de vegetação nativa. A expansão de ambientes antropizados é um fator determinante para o nível de ameaça nesse ecossistema.

O Cerrado aparece em segundo lugar, com 1.199 espécies ameaçadas, seguidas pela Caatinga (481), Amazônia (503), Pampa (229), Sistema Costeiro-Marinho (170) e Pantanal (74). Apesar de o Pantanal apresentar o menor número de espécies ameaçadas em termos absolutos, ele enfrentou sérios desafios de preservação, como o impacto das queimadas recentes.

Perspectivas e Desafios para a Conservação

Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de espécies avaliadas, especialmente entre 2014 e 2022, o que reflete um avanço no conhecimento sobre a biodiversidade brasileira. De acordo com o IBGE, a avaliação de espécies da flora passou de 9% para 15%, enquanto a da fauna aumentou de 10% para 11%. Esses dados permitem uma visão mais abrangente sobre o estado de conservação das espécies no Brasil. No entanto, ainda há muito a ser feito. A avaliação prioritária de espécies com maior risco de extinção pode gerar uma falsa impressão de que o nível de ameaça está controlada, quando, na realidade, a situação é crítica.

Além disso, políticas públicas como os Planos de Ação Nacionais (PANs) e Territoriais (PATs) para a Conservação das Espécies Ameaçadas, bem como os Planos de Recuperação de Espécies, desempenham um papel fundamental na preservação da biodiversidade. Essas iniciativas visam criar estratégias para mitigar os impactos das atividades humanas e reverter os danos ambientais.

Planta nativa do Cerrado, o capim-rabo-de-raposa (Setaria parviflora): espécie criticamente ameaçada de extinção, o grau mais alto de risco.

O papel das empresas na preservação

Diante desses desafios, o setor empresarial tem um papel decisivo na conservação da biodiversidade. Programas de compensação ambiental, restauração de áreas degradadas e projetos de sustentabilidade são ferramentas que podem mitigar os impactos das atividades econômicas. Empresas que adotam práticas de conservação não apenas auxiliam para a preservação das espécies, mas também garantem a resiliência dos ecossistemas e a sustentabilidade dos negócios a longo prazo.

Em resumo, a biodiversidade brasileira é um tesouro inestimável que, ao mesmo tempo, impõe grandes desafios para sua conservação. A proteção das espécies ameaçadas exige um esforço contínuo e colaborativo entre governos, empresas, pesquisadores e a sociedade. O futuro da biodiversidade no Brasil depende de ações rápidas e eficazes, que garantem às próximas gerações a oportunidade de continuar descobrindo e protegendo essa vasta riqueza natural.

Cada ação, por menor que seja, contribui para a preservação da biodiversidade e para a manutenção dos serviços ecossistêmicos essenciais dos quais dependemos. A Geotrópicos está empenhada em promover o conhecimento e as práticas que auxiliam na reversão desse cenário, oferecendo soluções integradas para a conservação ambiental.

Sobre o autor:

Polyana Matozinhos

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